Sou da área da saúde,  
onde a vida dança entre risos e lágrimas,  
e nos quase nove anos de jornada,  
vi de tudo, mas o que mais pesa  
é o apego que se forma,  
quando o tempo dos meus pacientes se esgota.

Lembro-me de um homem,  
cuja presença iluminava as tardes.  
Ele me contava piadas,  
repetindo-as como se cada risada fosse um presente,  
e juntos cantávamos canções antigas,  
ecoando memórias em cada nota.

Mas um dia, o silêncio se fez presente,  
ele não queria mais cantar.  
“Segure minha mão”, ele pediu,  
e ali eu permaneci, sentindo o peso do momento.  
O brilho nos seus olhos começou a desvanecer,  
como estrelas que se apagam no céu da noite.

A despedida era inevitável,  
e eu vi a luz se extinguir,  
deixando apenas a sombra de um olhar opaco.  
Uma marca indelével na alma de quem cuida,  
um lembrete da fragilidade da vida.

Mas mesmo na dor da perda,  
eu sigo adiante, com memória e carinho.  
Cuidando de outros que cruzam meu caminho,  
cada vida uma nova história a ser contada.  
A vida continua; é um ciclo eterno.

E em cada paciente que acolho,  
levo comigo o riso das tardes passadas,  
as canções entoadas e as piadas compartilhadas.  
Pois mesmo com os olhos opacos,  
a essência do amor permanece viva em mim.